Ecocircuito da Encosta do Sol: um sucesso alcançado com Prémio Agir da REN que está a inspirar a renaturalização da região

Distinguido com o segundo lugar no Prémio Agir 2018, os caminhos e carreiros do Ecocircuito entre a cidade de Braga e a Serra do Carvalho estão completos e terão sido já percorridos por mais de 30 mil visitantes
A criação de uma
ligação ecológica em contexto natural, mais concretamente uma cintura verde
entre a cidade de Braga e a Serra do Carvalho, foi o embrião do Ecocircuito da
Encosta do Sol que o Prémio AGIR 2018 ajudou a desenvolver. Passaram três anos
e não há margem para dúvidas: o Ecocircuito cresceu perfeitamente e é
atualmente um sucesso em Gualtar, uma freguesia de Braga.
Em 2018, o Projeto
Encosta do Sol foi distinguido com o segundo lugar pelo júri do Prémio AGIR e,
desde então, o (pré)Ecocircuito concluiu em 2020 o primeiro ano completo da sua
existência registando um aumento de 470% da utilização dos seus caminhos e
carreiros imediatamente envolventes. De 2019 para 2020, segundo números da
Organização, a utilização do Ecocircuito triplicou, e, em comparação com 2019,
até março de 2021 aumento seis vezes, estimando-se que, em 2020, já tenha sido
percorrido por mais de 30 mil visitantes.
Segundo Nuno Alpoim,
da cooperativa Bonus Itineris, responsável pelo projeto, "a adesão
registada no Ecocircuito da Encosta do Sol pode, atualmente, ser estimada com
bastante precisão, recorrendo a dados globais georreferenciados de aplicações
móveis de prática de caminhada. A partir de tais fontes, obtemos algumas
estimativas que evidenciam que as expetativas iniciais [de aproximadamente 10
mil utilizadores por ano, n.d.r.] pecaram por escassas". No entanto,
também estes números pecam por escassez, segundo o responsável, já que são
apenas monitorizados utilizadores que percorreram o Ecocircuito a pé ou a
correr, não incluindo "utilizadores de bicicleta que, neste caso em
concreto, representam uma parte importante", refere Nuno Alpoim.
O balanço é,
portanto, completamente positivo. Como refere o responsável da Bonus Itineris,
"a implantação do Ecocircuito da Encosta do Sol não só impulsionou a
descoberta desta área tão sensível, mas também a consequente sensibilização
para a sua preservação e para a sua renaturalização".
Plantadas 200
árvores autóctones
O segundo lugar no
Prémio AGIR significou a entrada de 15 mil euros no projeto. A Bonus Itineris
utilizou-os na sua totalidade na implantação do projeto no terreno, em ações de
divulgação, ações de renaturalização e ações de dinamização. Nuno Alpoim
explica: "foi efetuado o estudo da componente ambiental da Encosta do Sol,
o que originou a criação de conteúdos informativos e interpretativos que se
encontram no terreno; foi implantado o Ecocircuito com sinalética de
encaminhamento e informativa; procedeu-se à limpeza do Charco e à plantação de
200 árvores autóctones ao longo do Ecocircuito; foram dinamizadas visitas
guiadas interpretativas; foi divulgado o projeto e o Ecocircuito junto de
entidades locais promotoras de visitas".
A pandemia de
Covid-19 veio, que veio perturbar o arranque do projeto, previsto para o início
de 2020, acabou por, a médio prazo, segundo Nuno Alpoim, impulsionar o uso do
Ecocircuito dada a cada vez maior necessidade das pessoas de estarem ao ar
livre. "Os tempos iniciais da pandemia, aproximadamente entre março e
abril de 2020, repercutiram-se numa tímida adesão dos cidadãos, na medida em
que a generalidade do país encontrava-se em confinamento. Contudo, de abril em
diante, a adesão explodiu."
Após a implantação e
o primeiro ano de ações de renaturalização, de dinamização e de divulgação, O
Ecocircuito da Encosta do Sol tem registado um constante crescimento orgânico
de visitantes e dos impactos esperados, como explica o responsável da Bonus
Itineris. Algo fomentado também pelas constantes ações de dinamização de que é
alvo, nomeadamente por parte da Casa da Ciência de Braga, que tem no
Ecocircuito o seu laboratório de campo para as atividades de ciência cidadã e
de educação ambiental em contexto natural.
Para a cooperativa
que Nuno Alpoim lidera, o prémio atribuído pelo AGIR ao projeto da Encosta do
Sol "capacitou a Bonus Itineris no sentido de potenciar o impacto das
ações que desenvolve no âmbito da sua responsabilidade social", que
continua empenhada em desenvolver e implantar soluções de renaturalização do
território num contexto de sustentabilidade ambiental.
Iniciativa já deu
"frutos"
"Hoje, em 2021,
pode-se já reconhecer que o Projeto Encosta do Sol cumpriu realmente o
desiderato de funcionar como prova de conceito e as sementes que lançou já
germinaram", acrescenta Nuno Alpoim, dando dois exemplos concretos. Na
freguesia vizinha de Este (São Pedro), encontra-se atualmente em fase de
implantação, pela Bonus Itineris, o "Ecocircuito do Rio Mau" e, na
freguesia de Carvoeiro (concelho de Viana do Castelo), já está implantado o
"Ecocircuito da Corga da Padela". "São dois exemplos de
percursos pedestres ligeiros cujo intuito principal é o de proporcionar a sua
renaturalização", fornecendo ao mesmo tempo contextos privilegiados para a
sensibilização ambiental e para o usufruto por parte da população. Os mesmos
princípios que regeram o projeto Encosta do Sol.
O projeto que ficou
em segundo lugar no Prémio AGIR 2018 foi, segundo Nuno Alpoim,
"inovador". "Quer ao nível das parcerias que envolveu para o seu
lançamento, quer sobretudo no facto de ser um projeto-piloto e prova de
conceito de intervenção no território", visando em simultâneo salvaguardar
a biodiversidade, sensibilizar para a educação ambiental e encaminhar os
cidadãos para uma possibilidade de vivência e usufruto natural quotidianos,
numa lógica transversal de sustentabilidade. Ao assumir-se como "um
Projeto promotor da Sustentabilidade em diversas componentes, revela-se
consequentemente como uma iniciativa promotora do desenvolvimento
socioeconómico nos termos dos Objetivos das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, ainda que de cariz local", conclui Nuno Alpoim. Missão
cumprida, diga-se!
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